Minha primeira experiência como leitora
Ana Paula Bafim
Acredito
que o primeiro contato com a leitura seja um momento único e particular, que
pode marcar nossas experiências futuras de modo positivo ou negativo.
“Obrigar”,
no bom sentido, uma criança entre sete e dez anos de idade, por exemplo, a ler
uma obra de Machado de Assis, pode tornar-se uma experiência traumatizante para
essa criança, visto que a linguagem não é adequada à maturidade desta, e, por
essa razão, talvez essa criança interessar-se-á, jamais, por uma obra
literária.
Devemos
partir da premissa de que ”cada livro tem uma idade e que existe uma idade para
cada livro”, ou seja, há que se pensar na “maturação biológica” (Piaget), segundo cada qual tem seu tempo de
aprender. Em suma, temos de levar em conta o desenvolvimento cognitivo da
criança, sabendo a hora certa de introduzir a leitura adequada à faixa estaria
desta.
No
que me diz respeito, posso afirmar, com toda certeza, que tive sorte nesse sentido,
visto que, apesar de ser outra época, outro pensamento, passei por um processo
adequado de maturação e contato com os livros na escola.
Recordo-me
muito bem de meu primeiro contato com um livro “literário”, de acordo com minha
idade, “O sobradinho dos pardais”, cursava o primário e tive de interagir com a
leitura, lembro-me que senti pena do pardalzinho que ficou sem sua casinha.
Embora de um modo diferente do que se preza hoje, minha interação foi através
de perguntas dirigidas, afinal, eram outros tempos, outra época, outros
valores.
Mesmo
assim, adorei a sensação de poder compartilhar, do meu modo, a leitura que
havia feito, queria obter um “dez”, queria ser a número um.
O
tempo foi passando, cheguei ao ginásio e as leituras foram “engrossando”, eram
obrigatórias, trabalhos, questões dirigidas, ilustrações, interações com os
personagens, bons tempos.
Nessa
época o auge era o autor Marcos Rey, com suas obras infanto-juvenis, “Sozinha
no mundo”, que tristeza, “Um cadáver ouve rádio”, quanto mistério, “O mistério
do cinco estrelas”, entre outros.
Ah,
o colegial, obras mais rebuscadas, afinal, Capitu traiu ou não Bentinho,
“Capitães de Areia”, aqueles “pobres” meninos, e como não lembrar o
inesquecível verso de Camões “Amor é fogo que arde sem se ver”, os Lusíadas,
Álvares de Azevedo e seu “Navio Negreiro”, Gonçalves Dias – “Minha terra tem
palmeiras onde canta o sabiá...”, obras essenciais para quem iria prestar o
famoso vestibular.
Enfim,
mais uma etapa, a Faculdade, abre-se, então, o repertório. Vygotsky,Piaget,
Pierce, sem falar nas literárias com um maior aprofundamento.
Agora,
além de nossos autores brasileiros e os já conhecidos portugueses, temos de
conhecer e interar-nos de Skakespeare, Allan Poe, entre outros.
Mas,
como já mencionado, a primeira experiência me serviu de base, dando “o pontapé
inicial”, ajudando-me a prosseguir nessa jornada maravilhosa do mundo letrado,
de poder agir, interagir, compartilhar experiências, conhecimentos diversos,
explorar assuntos diversos, descobrir, “experenciar” e, sobretudo, aprender.
Termino
este depoimento com o desejo de que nossos jovens possam interar-se desse mundo
maravilhoso que nos dá asas para voar cada vez mais alto.
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